BEM-VINDO À CASA DOS PENAGUIÕES

Actualização deste trabalho em Novembro de 2016

Dois factores explicam esta revisão, após oito anos de intervalo.

Em primeiro lugar, um contacto de uma descendente do marido de Agueda Rosa Penaguião, de nome Joaquim Joze Duarte Ferreira, de uma ligação com Luisa Teodora de Sá Carneiro, informação prestada por ROSARIO WADIE descendente desta ligação com Joaquim Joze Duarte Ferreira e que teve a atenção de me contactar e fornecer diversas pistas que muito facilitaram a actualização da árvore genealógica da família Penaguião.
Fica aqui expresso o testemunho do meu agradecimento.

Em segundo lugar, a recente descoberta do registo de casamento de João António Penaguião com Ana Maria Espinola em 25 de Janeiro de 1742, que aqui apresentamos para melhor se compreender o desembrulhar desta espécie de romance policial:

assento de casamento na freguesia de N.ª Sr.ª da Conceição Nova - Lisboa - Livro C5, a fls 36

"Aos vinte e sinco dias do mes de Janeiro de mil setecentos e quarenta e dous annos em esta Parochial Igreja de Nossa Senhora da Cmceipçam da Rua Nova dos ferros desta Cidade de Lisboa perante mim o Padre Bento de Amorm de Carvalho coadjutor da dita Igreja por impedimento do Reverendo Parocho Manoel Ferreira de Fariaque sirvo de Parocho por despacho do Iminemtissimo Senhor Cardeal Patriacha de Lisboa e de outras mais tesyemunhas que prezentes estavão se cazarão e receberão por palavras de prezente por Marido e Molher e por hum despacho de Sua Em.ª do theor seguinte =Dispenssamos nas denunciações visto nos constar não haver impedimento, e concedemos licença para que o Parocho de Nossa Senhora da Conceiçam aseite este Matrimonio Lisboa vinte e tres de Janeiro de mil e sete centos e corenta e doues= João Antonio Penaguião natural e Baptizado na freguezia de Sam Marcos da Cidade de Roma, e prezente morador na freguezia de Nossa Senhora dos Martires desta Cidade de Lisboa filho legitimo de João Penaguião, e de sua molher Barbara Penaguião naturais e Baptizados na freguesia de Sam Loureço e Damaso, na Cidade de Roma, com Anna Maria Espinola natural e Baptizada na freguezia de Sam Paulo desta Cidade e de prezente moradora na freguezia de Nossa Senhora dos Martires desta Cidade onde os contaentes se desobrigarão as Caresmas proximas passadas - filha legitima de Francisco Espinola natural e Baptizado na freguezia das Igrejas da Ilha de Sardenha e de sua molher Leonarda Maria natural e Baptizada na freguezia de Sam Paulo desta Cidade de Lisboa de que fis este asento que asigney com algumas testemunhas Joze Jorge de Siqueira morador na freguezia de Sam Julião e Lourenço Bacares morador na freguezia de Nossa Senhora da Conceiçom desta Cidade e Patriarcado de Lisboa...."

Assento de óbito na freguesia da Encarnação - Lisboa - Livro O13 a fls 235

" Aos dezaseys de Março de mil septecentos noventa e doys faleceo na Patriachal queimda João Antonio Penaguião, veuvo de Anna Maria Espinola recebeo os Sacramentos dos Enfermos sepultouçe nesta Igreja não fez testamento nem deixou Menores digo sepultouse no Convento de São Pedro de Alcantara ..."

.O Processo de habilitação de herdeiros de João António Penaguião existente na Torre do Tombo é datado de 29 de Abril de 1796.

Com esta prova documental, fica completamente esclarecido que o pergaminho em questão foi forjado, o que parecia ser, mas agora fica provado.

No entanto, e para que o suspense sobre as origens deste casal se mantenha, e de forma definitiva, os dados constantes neste assento, não são passíveis de confirmação, pois os de Roma e da Sardenha escapam-nos, embora baste o simples facto de em Roma não ser plausível existir o apelido Penaguião para apontar para nova fraude, e mesmo assento de batismo de Ana Maria a qual, ao casar em 1742, deverá ter nascido antes de 1726, mas os registos de batismo da paróquia de S. Paulo só existem a partir de 1740.

Como o único desempate seria o processo da Autoridade Eclesiástica, obrigatório para aferir da capacidade religiosa dos candidatos estranjeiros, onde devem constar as informações sobre o batismo dos pretensos nubentes, mas como adiante refiro, essa pesquiza que na altura efectuei, não encontrou o apelido Penaguião o que, por sua vez, nos coloca a interrogação de como este matrimónio poder ter sido realizado sem a referida autorização prévia da Autoridade Eclesiástica

Finalmente, entendi manter o anterior texto, apesar de desctualizado, mas serve como exemplo para dar uma ideia de como a construção de uma árvore genealógica é uma tarefa aliciante, pelo desafio permanente de encontrar provas credíveis e apresentá-las de forma coerente e compreensível..

Notas referidas a Julho de 2008

Trabalho da responsabilidade de José M. Fiadeiro

Tal como trabalhámos o apelido Fiadeiro, e os que a ele se encontram de algum modo associados, e que constitui o grosso deste site, interessou-nos investigar as origens desta família a que estamos ligados por laços de antiga e profunda amizade

Este nome Penaguião aparece como toponímio de Santa Marta de Penaguião e aparece igualmente como título nobiliárquico de Conde de Penaguião, concedido pelo rei D. Felipe II de Espanha e I de Portugal, atribuido aos Sá e Menezes e seus descendentes, actualmente detido pelos marqueses de Abrantes.

Como apelido, não encontrámos qualquer referência anterior a D. João António de Sá e Penaguião , constante num pergaminho assinado por El Rei D. José I, concedendo-lhe o título de Conde de Penaguião , e que merece tratamento em página própria :

Condes de Penaguião

Nesta página apresentamos a descendência da família de apelido Penaguião, tendo como antecessor o acima referido João António de Sá Penaguião, que é identificado no acima referido pergaminho, como sendo natural de Lisboa e filho legítimo de D. Francisco de Sá, Conde de Penaguião e de D. Antónia Leitão, neto de D. João Rodrigues de Sá, mas não foi possível até agora encontrar os registos de casamento e de nascimento ou óbito, sabemos apenas que casou com Anna Maria Espinola, de quem teve pelo menos seis filhos, o mais velho em 1742 e o mais novo em 1752, todos na freguesia dos Mártires da cidade de Lisboa.

Além destes seis, devidamente registados, encontrámos como padrinho, em assentos paroquiais, bem como numa escritura de partilha de bens, referências a mais um filho, de nome Marcelino António, que parece ser o mais novo, mas cujo assento de baptismo ainda não encontrámos

Os assentos de batismo destes filhos são anteriores a 1755, data do terramoto que assolou Lisboa, destruindo entre outras coisas, os registos da freguesia dos Mártires, sendo que, a partir de 1756, encontramos alguns registos referidos a datas anteriores a 1755, por transcrição dos mesmos, e foi assim que encontrámos os assentos de batismo acima referidos.

Infelizmente, nos assentos de casamento da mesma freguesia dos Mártires, a partir de 1756, entre as muitas transcrições de registos anteriores a 1755 que lá se encontram, não encontrámos a transcrição do registo do casamento de João António Penaguião com Anna Maria Espinola.

Isto não afasta a hipótese de o casamento ter tido lugar nessa freguesia em data anterior a 1742, mas que o mesmo não tenha sido transcrito, à semelhança do que foi feito para os batismos.

De qualquer modo, procurámos os assentos de casamento nessa época ( entre 1730 e 1742 ) nas freguesias de Ajuda, Alcântara, Mártires, Mercês, Sacramento, Santa Isabel, Santos o Velho, São Cristovão, Santa Catarina, Santa Engrácia, Santa Justa, São José, São Lourenço e São Paulo, da cidade de Lisboa, sempre sem resultado.

Pesquisámos os sumários matrimoniais da Câmara Eclesiástica de Lisboa, sem sucesso.

Embora tenhamos transcrições, fotocópias e microfilmes de registos originais, não os apresentamos aqui por ocuparem demasiado espaço e excederem os objectivos do presente trabalho.

Dos seis filhos de João António Penaguião, apenas pudémos explorar o ramo correspondente ao do mais novo, Firmo António, o mesmo sucedendo nalgumas gerações seguintes, em que alguns ramos ficaram sem seguimento por falta de informação.

Entretanto, e no prosseguimento das pesquizas do Alvará Régio que outorgou o título de Conde de Penaguião, o qual deveria constar nos arquivos do notário referido no pergaminho, José Noronha Feital, e que se encontram na Torre do Tombo, Feitos Findos, Comissão dos cartórios de Juizos extintos, não encontámos qualquer referência a João António Penaguião, outrossim na 3.ª Vara, Jozé Noronha Feital, letra J maço 10, n.º 9, folio n.º 116, n.º 11, consta um inventário:

" Inventário dos bens que ficarão por falecimento de João António Penachioni, viuvo de Ana Maria Espinola, falecido sem testamento, e que se continûa com a Inventariante sua filha Theodora Augusta Penachioni, que aceitou a herança de beneficio do Inventario; abstendo-se porém d' elle totalmente os outros seus filhos todos maiores de idade, a saber Antonio Jacinto Penachioni, Barbara Francisca Sampieri, Izabel Maria Magdalena, Joze Fortunato Penachioni, Firmo Antonio Penachioni e Marcelino Ant.º Penachioni. Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil sete centos noventa e seis aos dois de Mayo do dito anno, n' esta cidade de Lisboa em o meo escritorio por parte da Inventariante Theodora Augusta Penachioni me foi apresentada a petição seguinte que autuei: De que fis este termo, e eu Joze Theodoro de Noronha Feytal "

Este inventário refere Penachioni como apelido, mas os depoimentos de todos os filhos, abdicando dos seus direitos em relação à irmã Theodora, referem Penaguião, e a coincidência dos nomes da mulher Ana Espinola e dos filhos, não deixa margem para dúvidas que se trata de João António Penaguião, e também indica o ano de 1796 como data da sua morte.

Reproduzimos aqui uma parte desse inventário, correspondente às declarações do filho Firmo, o qual pode ser visto aqui

Inventario Firmo

e descarregado aqui, em formato pdf

Inventário em pdf

Surge aqui a primeira questão, é que para ter sido filho, embora ilegítimo, de D. Francisco de Sá, falecido em 1677, ele teria vivido cerca de 120 anos, feito pouco provável.

Esta constatação, coloca em dúvida a autenticidade dos dados biográficos apresentados aquando da petição que originou a atribuição do título, facto que não é incomum, pois nestas épocas ( e não só ), as provas eram normalmente feitas por testemunhas ajuramentadas, mas a falta de outros dados objectivos, como os assentos de baptismo e casamento, inviabilizam o conhecimento real da origem desta personagem, da qual apenas sabemos que morreu em 1796.

Temos no entanto matéria suficiente para especular com alguma probalidade o que terá sucedido nessa altura, assim:

- estamos entre 1755 e 1760, logo a seguir ao terramoto que destruiu muitos arquivos e deixou a administração bastante abalada;

- o legítimo Conde de Penaguião, D. Joaquim Francisco de Sá, morreu em 1756, sem deixar descendência;

- os filhos de João António Penaguião são registados em 1756 na freguezia dos Mártires, cujos registos tinham ardido no incêndio que se seguiu ao terramoto, por um Despacho da Autoridade Eclesiástica, documento que procurámos sem êxito encontrar na Câmara Eclesiástica de Lisboa;

- na Chancelaria de D. José I, Livro 48 a fls 376 é feita uma referência ao Livro 141, fls 74, 3 de Outubro de 1760, onde consta uma Provisão de João António Penachini a solicitar a cidadania portuguesa "Dom Joze por Graça de EL Rey de Portugal ... contra tal Provisão se passou a João Antonio Penachini que aqui se hade incorporar até donde diz D. Sebastião Maldonado ...".

Sendo este apelido de origem italiana, conseguimos, a muito custo, consultar os arquivos da Igreja do Loreto, onde estão os livros relativos aos registos paroquiais dos cidadãos italianos, e não encontrámos qualquer referência a Penachini, nem Penachioni, nem Penaguião, mas o apelido da filha Barbara Maria Sampieri também sugere ascendência italiana, mas registos objectivos nada.

A ausência de dados objectivos não nos impede de especular sobre a possibilidade do cidadão italiano João Antonio Penachini, ter feito uma manobra de oportunidade, aproveitando a confusão pós terramoto, para conseguir a nacionalidade portuguesa, registar os filhos com o novo apelido de Penaguião que usou para obter o título de Conde, e com o qual morreu em paz trinta e seis anos depois.

Atendendo a estas dúvidas, entendemos colocar aspas na ascendência de João António Penaguião, e como não encontámos mais pistas, terminamos aqui o desenvolvimento desta árvore genealógica para traz.

Refira-se a propósito que uma busca no Google, quer em Penachini, quer em Penachioni, mostra que ainda existem pessoas com estes apelidos, principalmente no Brasil, e seguindo alguns desses links, encontramos referências a origens via Portugal, o que não deixa de ser curioso.

É normal, e de boa prática, ocultar os dados pessoais de pessoas vivas mas, no caso presente, os que aqui se expõem constam no Geneall, pelo que se não justifica fazer restrições aqui.

A lista completa de nomes e a apresentação da descendência de João António Penaguião, são apresentadas em formato pdf, que é muito prático, dispondo de motor de busca integrado, e permite fazer cópias excelentes .

As apresentações em pdf, podem ser descarregadas e posteriormente impressas em vossa casa.

São folhas que devem ser ajustadas e coladas umas às outras.

Se não tem um leitor de pdf, pode descarregar aqui mesmo um, muito leve e eficaz, mas que tem que ir zipado, apenas havendo que o descomprimir e colocar o programa em qualquer parte, pois ao abri-lo ele fica automáticamente activado para abrir pdf's.

leitor de pdf's

1. Lista completa dos nomes que constam nesta base de dados, em pdf
2. Base de dados completa, em HTML.
3. Apresentação da descendência de João António Penaguião, em texto.
4. Apresentação da descendência de João António Penaguião, em HTML.
5. Apresentação da descendência de João António Penaguião, em pdf

Para este trabalho utilizámos três fontes:

- os arquivos da Torre do Tombo,
- alguns contactos pessoais,
- o directório de genealogia no site da GeneAll, antigo GuardaMor;

De notar que encontrámos alguns erros nos registos do Guarda-Mor, registos esses retirados de literatura impressa e aí referida, entre outras:

- A Descendência Portuguesa de El Rey D.João II, de Silva Canedo, 1993 - ,
- Anuário da Nobreza de Portugal, 1985 - ,
- Gente d' Algo, de Manuel Arnão Metelo, 2002 - ,
- Livro de Oiro da Nobreza, de Travassos Valdez, Tomo II - ,
- Resenha das Famílias Titulares e Grandes de Portugal, de Albino da Silveira Pinto, 1991, Tomo II-,
- Sanches Baena - Familias Titulares de Portugal -

Erros que é frequente encontrar, dada a quantidade de informação que nesses livros se encontra e em que interessa mais o enquadramento geral do que as datas exactas em particular.